quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Jarbas, uma vida de coragem e coerência

Roberto Campos Marinho

O ser humano pode passar pela vida basicamente de duas maneiras: aceitar as coisas passivamente, sem correr riscos, ou se rebelar contra o senso comum, ir à luta e assumir os erros cometidos por ter a coragem de ousar. É nesta segunda categoria que se encaixa Jarbas Vasconcelos, que está completando 70 anos de idade.

O menino que nasceu na Zona da Mata Norte de Pernambuco, em agosto de 1942, se transformou numa das principais referências éticas da política brasileira.
Muito jovem, recém-formado em Direito, Jarbas iniciou sua carreira profissional no Grupo Votorantim, no final dos anos de 1960. Mas o aprofundamento do regime militar (implantado em 1964) levou Jarbas à luta política contra o autoritarismo e ele trocou a iniciativa privada pela causa pública. Começava ali uma trajetória que orgulharia os
pernambucanos.

Duas vezes prefeito da Cidade do Recife e duas vezes governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos é um homem sem medo de dar murro em ponta de faca. Nunca fugiu à luta, mesmo quando as batalhas se mostravam abarrotadas de obstáculos instransponíveis. Foi um dos primeiros parlamentares da oposição, no início da década de 1970, a denunciar publicamente as prisões, as torturas e os assassinatos cometidos pela ditadura militar. Muitas vezes, no entanto, essa coerência e essa coragem foram mal compreendidas.
Em 1985, meses após percorrer todo o Brasil em defesa das “Diretas Já” para presidente da República, Jarbas Vasconcelos anunciou que não iria ao Colégio Eleitoral, mesmo que fosse para eleger Tancredo Neves. E manteve a palavra. Essa posição quase custa sua primeira vitória numa eleição majoritária, a histórica conquista do mandato de prefeito do Recife, também em 1985. Tempos depois, o próprio Jarbas admitiu que errou no episódio do Colégio Eleitoral. Em suas próprias palavras: “Não era possível que eu estivesse certo e todo mundo estivesse errado”. Quantos políticos fariam esse gesto? Poucos, com certeza.
Jarbas Vasconcelos também deixou a sua marca como um grande gestor público, que soube montar equipes altamente eficientes. Suas marcas e exemplos de sucesso e ousadia se espalham pela história recente pernambucana.
Nunca é demais lembrar que as administrações de Jarbas implantaram a participação popular no orçamento público (Prefeitura nos Bairros e Governo nos Municípios), colocaram a nossa economia na vanguarda da tecnologia da informação (Porto Digital) e fizeram das obras de infraestrutura (estradas, aeroportos, portos, abastecimento d’água e energia) uma alavanca indispensável para o desenvolvimento em todas as regiões do Estado.
E não posso deixar de falar da implantação do ensino em tempo integral nas escolas da rede pública estadual e na decisão de colocar o Porto de Suape como nosso grande diferencial na atração de investimentos públicos e privados.
Alguns podem achar Jarbas não adepto do riso fácil, que ele é carrancudo, sério demais. Mas aqueles que – como eu – conhecem o homem por trás do mito sabem que esse jeito sério tem muito de mera timidez. Quando ele se solta nas conversas, começa a contar suas histórias, o sorriso cresce e o homem sisudo se transforma. Quem já viu e ouviu, pela boca de Jarbas, as histórias das eleições na Zona da Mata Norte, nas décadas de 1950, 1960 e 1970, entende bem do que estou falando.
Jarbas Vasconcelos merece todas as homenagens não apenas por suas contribuições ao Brasil e a Pernambuco como parlamentar atuante e como governante de vanguarda, mas também por ser um homem de amigos, daquele tipo que nunca falta nas horas mais necessárias.
Como registra aquele jingle histórico: “Jarbas é a cara do povo/ É a gente de novo".
Roberto Campos Marinho é administrador

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